Dominguinho emociona Olinda: João Gomes, Mestrinho e Jota.pê lotam Classic Hall em show de reencontro

Da esquerda para a direita: Jota.pê, João Gomes e Mestrinho se apresentaram para um Classic Hall lotado - Foto: Arthur Botelho/Folha de Pernambuco

Projeto vencedor do Grammy Latino 2025 volta à cidade onde nasceu e transforma o Classic Hall em um grande arraial de memórias, forró e celebração nordestina.

A noite de sábado (29) carregava um simbolismo que ia muito além de um simples passeio de fim de semana. Para quem foi ao Classic Hall, em Olinda, assistir a João Gomes, Mestrinho e Jota.pê, a sensação era clara: não era apenas um show chegando — era o retorno de um filho à cidade que o viu nascer.

Foi a primeira apresentação do projeto Dominguinho justamente em Olinda, onde meses antes o trio gravou o audiovisual que conquistou o público brasileiro e rendeu o Grammy Latino 2025. O reencontro transformou o espaço em uma grande celebração, com ingressos esgotados duas semanas antes da apresentação.

Com um cenário que evocava o brejo nordestino e casas do interior, os artistas entraram sob aplausos ensurdecedores. Logo de início, três xodós do repertório: “Lembrei de Nós” e “Beija-flor”, cantadas sentados, como no registro original. Na sequência, “Arriadin por tu” marcou o momento em que o trio se levantou dos banquinhos e tomou conta do palco, abrindo caminho para duas horas de hits e emoção.

Show carregado de raízes

Sempre exaltando compositores da terra, João Gomes fez questão de lembrar nomes essenciais, como Kara Véia, autor de “Flor de Flaboyant”. A força do projeto ficou clara na capacidade dos três artistas de transformar um audiovisual intimista em um espetáculo grandioso sem perder a essência de uma roda de amigos.

E, seja em trio ou individualmente — com Jota.pê em “Ouro Marrom”, João Gomes em “Meu Pedaço de Pecado” e Mestrinho puxando “Eu e Você” — o carisma dos músicos, especialmente João Gomes, tomou o Classic Hall. Mesmo quem chegou desavisado acabou cantando e sorrindo junto.

O repertório passeou com leveza entre piseiro moderno, MPB e a alma da música nordestina. Prova disso foi o bloco dedicado ao forró, com clássicos como “Confidências”, “Anjo Querubim”, “Meu Cenário”, “Lembrança de um Beijo”, “Onde Está Você” e “Severina Xique Xique”.

O público também vibrou com versões inesperadas que misturaram forró ao twist, como “Velha Roupa Colorida”, “Eu Só Quero um Xodó” e “Dona da Minha Cabeça”, criando um clima de baile dos anos 1960.

Apoteose no Classic Hall

Após a mensagem de paz embalada na versão xote-reggae de “Pontes Indestrutíveis”, do Charlie Brown Jr., veio a catarse final: uma sequência irresistível com “Descobridor dos Sete Mares”, “A Praieira”, “A Cidade”, “Não Quero Dinheiro” e até “Ana Júlia”, do Los Hermanos.

A atmosfera era de festa encerrando, mas sem vontade de terminar. O trio parecia desejar permanecer no palco, e o público, permanecer ali recebendo.

O sentimento geral é de que Dominguinho demorou a se apresentar em Olinda — mas voltou na hora certa. E se esse primeiro encontro soou como retorno, também deixou no ar o desejo de continuidade.

No mesmo chão olindense onde nasceu o audiovisual premiado, João Gomes, Mestrinho e Jota.pê devolveram à cidade a energia que ela plantou no projeto. E Olinda, orgulhosa, recebeu tudo de coração aberto, celebrando a origem e torcendo pelos voos internacionais já previstos para 2026.

Fonte: Folha de Pernambuco

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