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José Farias, economista e coordenador-geral de Estudos e Pesquisa, representou a Sudene no evento. Foto: Elvis Aleluia (Ascom/Sudene) |
Parceria com a UFPE retoma estudos para ligar Vale do São Francisco à Transnordestina e ampliar exportações via Pecém e Suape
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) participou, nesta quarta-feira (13), do seminário Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Mudará Pernambuco, realizado no auditório da CDL. A iniciativa integra uma série de encontros itinerantes que percorrem arranjos produtivos locais e reforçam a importância da mobilização social e política em torno da conclusão do equipamento logístico, incluindo o trecho pernambucano. Principal financiadora da ferrovia, a Autarquia aproveitou o evento para ouvir a sociedade e destacar que o empreendimento é um projeto regional com potencial de se tornar ainda mais estratégico para a economia e a integração logística do Nordeste.
O debate ocorrido em Petrolina concentrou-se na retomada do projeto do ramal ferroviário Petrolina–Salgueiro, interrompido em 1992. Parceria entre a Sudene e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizará estudo de viabilidade, que deverá ser concluído até o primeiro semestre de 2026. Serão avaliados aspectos técnicos, socioambientais e econômicos, com o objetivo de conectar o polo de fruticultura do Vale do São Francisco ao entroncamento da Transnordestina, integrando a produção local à malha ferroviária nacional.
Para o coordenador de Estudos e Pesquisas da Sudene, José Farias, o encontro em Petrolina simboliza o compromisso da Autarquia em liderar o diálogo e articular soluções para tornar o ramal uma realidade. “Petrolina acolhe o desafio de trazer o ramal da Transnordestina, interligando a cidade à ferrovia. É importante abrir o diálogo e trabalhar um plano de ação que envolva todos os atores. Essa é a maior obra de infraestrutura em andamento no Brasil, com potencial de gerar negócios e atrair novas indústrias. A Sudene se compromete a estar à frente dessas discussões e temos instrumentos para apoiar a obra e seu desenvolvimento”, afirmou.
O reitor da UFPE, Alfredo Gomes, ressaltou o papel da universidade na elaboração dos estudos e a relevância estratégica da obra. “Há uma dimensão estratégica para a região Nordeste. O trecho Petrolina–Salgueiro insere a cidade no mapa logístico com conexões importantes e fortalece profundamente a economia regional. Nosso compromisso é finalizar os estudos ainda este ano, considerando custos, impactos ambientais e potencial de integração. É uma obra estruturadora, e a grande beneficiária será a população”, disse.
Os números mostram a relevância estratégica dessa conexão. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, mas ocupa apenas a 23ª posição entre os maiores exportadores, em grande parte devido a gargalos logísticos. Em 2024, o Vale do São Francisco respondeu por 30% do volume e 27% do faturamento nacional das exportações de frutas, com destaque para a manga – que gerou mais de US$ 323 milhões – e a uva, com US$ 155 milhões. A manga tem como principal destino a União Europeia (70,1% das vendas externas), seguida pelos Estados Unidos (14,3%) e Reino Unido (7,6%). Já a uva segue majoritariamente para a União Europeia (46,1%) e Estados Unidos (23,4%). Hoje, quase 80% das frutas brasileiras são exportadas para o mercado europeu, concentrando a logística em poucos portos e rotas. A ampliação de corredores logísticos é vista como fundamental para reduzir custos e ampliar a competitividade internacional.
O diretor de Empreendimentos da Infra S.A., André Luís Ludolfo, destacou o impacto do projeto na economia nacional. “Estamos criando um novo corredor logístico que vai gerar empregos, movimentar renda e ampliar as oportunidades para o setor produtivo. O trecho Salgueiro–Suape terá 544 quilômetros e um custo de R$ 3,5 bilhões, com previsão de conclusão em 2029. Os primeiros editais para execução das obras devem ser lançados ainda este ano, e as frentes iniciais começam no primeiro trimestre de 2026”, explicou.
Guilherme Cavalcanti, secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, ressaltou que a agenda precisa ser tratada como prioridade nacional. “Construir um projeto de País significa superar interesses pessoais. São escolhas estratégicas de longo prazo. Suape tem uma performance logística e orçamentária de destaque. É a construção de um ativo de infraestrutura e logística feita pelo povo de Pernambuco, mas um ativo do Brasil que transforma a economia do Nordeste. O que precisamos ter hoje é a urgência do Brasil para melhorar o escoamento da sua produção”, afirmou.
Para o empresário e consultor Junior Silveira, que representou o setor de fruticultura local, é preciso encarar a logística como fator determinante para o futuro do Vale. “Se tivermos um corredor ferroviário competitivo, vamos ampliar mercados, reduzir custos e transformar o modelo de negócio da fruticultura regional. Isso impacta diretamente a economia e a vida das pessoas”, afirmou.
O professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Rafael Amorim, lembrou que a competitividade logística depende do equilíbrio entre os modais de transporte, citando a China como exemplo. “Lá, 35% do transporte é rodoviário, 14% ferroviário, 25% por cabotagem, 3% dutoviário e 23% hidroviário. No Brasil, a realidade é bem diferente: 61% rodoviário, 21% ferroviário, 12% cabotagem, 4% dutoviário e 2% hidroviário. É preciso investir na diversificação e na intermodalidade para reduzir custos e aumentar a eficiência”, afirmou. Ele reforçou a importância de ampliar a capilaridade da Transnordestina e lembrou que, no ranking de competitividade do World Economic Forum, o Brasil ocupa apenas a 85ª posição no quesito infraestrutura de transportes.
O evento foi prestigiado por lideranças políticas locais, representantes de universidades, trabalhadores dos arranjos produtivos locais e movimentos sociais. A próxima edição do evento ocorrerá na próxima sexta (15), em Araripina, município estratégico do polo gesseiro.
Ascom Sudene
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